À SOMBRA DE UM CEDRO EU SENTEI E LI: EDGAR ALLAN POE, O MAGO DO TERROR (ROMANCE BIOGRÁFICO)

 

O TERROR NA VIDA DE UM MAGO


 
SÉRIE: À SOMBRA DE UM CEDRO EU SENTEI E LI
OBRA: EDGAR ALLAN POE, O MAGO DO TERROR (ROMANCE BIOGRÁFICO)
AUTORA: JEANETTE ROZSAS
EDITORA: MELHORAMENTOS
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2012
LEITURA: UOL LEIA +

 
Assim como no A Redonda Na Retangular se comenta e resenha os esportes assistidos nas telas, seja de tevê, seja de computador ou celular, temos resenhas de livros e contos, ocasionalmente, nos aplicativos de leitura da Amazon e Uol Leia Mais.
 
Acabo de ler um romance biográfico Edgar Allan Poe, o Mago do Terror, de Jeanette Rozsas.
 
A instigação começa quando deparamos com o gênero, Romance Biográfico. Ainda no calor de A vida por escrito, de Ruy Castro, sinto uma pulga atrás da orelha, aquele ponto de interrogação estocando a mente. O que seria um romance biográfico. O que a autora paulistana pretende é contar de forma romanceada a vida de um dos pilares da trindade da literatura obscura. E ele é o primeiro que influenciou os demais pilares: H.P. Lovecraft e Stephen  King.
 
“Naquela noite, Eddie não conseguiu dormir.”
 
Quem deu este testemunho para a autora? Acredito que ninguém, e aí é que entra a ficção, a arte, e não a ciência da biografia.  Uma biografia leve sem passar pelo crivo da ciência, mas munida de várias informações como se vê na bibliografia do livro, Rozsas vai tecendo uma história de sofrimento, um verdadeiro vale de lágrimas que aprisiona o grande gênio da literatura como a sua tia e mãe de criação, Maria Clemm, dizia.
 
Poe foi um homem explorado pelo mercado literário, seus livros não tiveram grandes vendagens, mas as revistas que o contratava como editor sempre aumentavam suas tiragens, enriquecendo o dono e ele seguia ganhando salários minguados.  No entanto, pagava sempre o preço alto pela sinceridade e pela busca da perfeição em suas críticas. E como a vida imita a arte, teve seu antagonista, um tal de Rufus Griswold, que o apunhalou pelas costas em seu melhor momento como editor. E ao sentir a apunhalada, Poe profetizou que o ex-pastor jamais seria conhecido. E não satisfeito por apunhalar, metaforicamente, em vida, Rufus Griswold maculou a imagem dele após a sua morte, sendo o seu testamenteiro:
Pelas mãos invejosas de Rufus, Poe passou a história como um homem desprezível, enlouquecido, esfarrapado, demoníaco, bêbado e drogado.”
 

Lendo este romance biográfico, dá a entender que Poe é como aquela estrela que não podia brilhar no seu tempo, para não ofuscar estrelas menores, e não ofuscar a literatura ultrarromântica que aflorava na Inglaterra vitoriana. São ilações que traço aqui na tentativa de entender como pôde um homem naquela situação constante de quase miséria e o álcool lhe corroendo as vísceras ser  exímio esteta, crítico mordaz, ensaísta, excêntrico, criador do gênero policial, pioneiro da ficção científica, mestre do suspense e do terror.
 
Sua obsessão pela literatura perfeita é relatada quando ele termina o seu poema mais conhecido, O Corvo, que gerou após um livro de sua autoria explicando seu processo criativo. Minerva, a deusa da sabedoria, das artes e das estratégias de guerra, que aparece na versão final do seu poema, realmente existia na casa que ele morava, nos arredores de Nova York, às margens do rio Hudson. Atena na tradução de Fernando Pessoa e Palas na de Machado de Assis, grega ou romana, talvez tenha inspirado nosso mago a levar até ao último momento um poema que se alongou, foi por necessidade do autor, que dissera em conferências, sobre a necessidade de um poema ser lido de uma única vez, criticando os épicos Ilíada e Odisseia.
 
O livro vai levando o leitor a conhecer melhor a vida do autor de belíssimos contos e poemas, a ter certa compaixão em alguns momentos e irritação em outros como o fato de sempre quando empregado, mediante qualquer obstáculo, entregar-se à bebida, arruinando as finanças da tia de sua prima e esposa, Virgínia. Ou do seu casamento com aquela que fora sua namorada no florescer da juventude, indo para Baltimore onde encontrou seu descanso eterno.

(POR ANDERSON RODRIGUES)

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