CONTO 005 DE 666: YANNI, A ÚLTIMA FILHA de PRICILA COELHO
CURIOSIDADE, ESTRANHEZA E MEDO
SÉRIE: 666 CONTOS EM ANTOLOGIAS TREVOSAS
CONTO: YANNI, A ÚLTIMA FILHA
AUTOR: PRISCILA COELHO
ANTOLOGIA: NECRÓPOLE
ORGANIZAÇÃO: JAMES GALLAGHER JUNIOR
EDITORA: CARNAGE
Um corpo que não se decompõe em uma redoma de vidro, ninguém
consegue ficar perto do fenômeno estranho. O fantástico se coloca de forma
objetiva e contundente já no início do conto, puxando o leitor para um enredo
trevoso como se mãos gélidas nos puxassem para dentro de uma cova.
A morte por um motivo desconhecido para todos da cidade,
outro fator intrigante no conto. E o narrador, um estudioso de casos paranormais
que vai mostrando dedicado ao ler jornais e outros registros do passado.
No início acharam
curioso, depois estranho, depois começaram a ter medo... Na minha humilde
opinião, aqui reside a sequência perfeita para que o terror se estabeleça em uma
narrativa. E usando o medo o corpo se defendia, intacto. Talvez, ela, a moça da
redoma, tivesse algum objetivo. Queria continuar ali como se quisesse eternamente
se vingar de algo que a princípio não sabemos, uma vez que já havia 220 anos
que o fenômeno se mantinha.
O relato da fisionomia da moça e a confissão do narrador de
que não queria tocar, suponha-se que em algum momento ele aventou esta possibilidade,
tem contorno do romantismo, ainda que os 220 anos nos remete a alguns anos
antes do domínio do romantismo na literatura.
O narrador não era afetado pelos sintomas que levavam as
pessoas a não suportarem ficar mais que alguns minutos, não atingia o narrador.
Será que ela queria ser estudada?
O próximo narrador experimentou as fases que levam ao
terror. Como estudioso, certamente ele tinha curiosidade pelo estranho. O estranho
ele encontrava em casos estudados. No entanto neste conto ele chega ao ápice ao
viver o terror (eu estava paralisado e apavorado). É o romantismo se desfez.
No conto termina em aberto, já que ficamos sem saber por
parte da autora se o narrador encontrou ou não a bruxa que foi responsável por
Yanni estar naquela situação. E nos precisamos imaginar nosso fim para sairmos
da redoma que o conto nos prende.
OBRIGADO PELA LEITURA!
LINKS
Comentários
Postar um comentário