WIELAND OU A TRANSFORMAÇÃO de CHARLES BROCKDEN BROWN
ESPERE, ESPERE
OBRA: WIELAND OU A TRANSFORMAÇÃO
AUTOR: CHARLES BROCKDEN BROWN
EDITORA: DIÁRIO MACABRO
ANO: 1798
Por se tratar do primeiro romance gótico do Novo Mundo,
Weiland ou A Transformação é um aculturamento do estilo que nascera na Inglaterra
e viera para cá como vieram aqueles que ocuparam pouco tempos antes o solo
americano. Na ausência dos Castelos de Otranto, o labirinto claustrofóbico aparece
aqui com aquilo que veio para o norte na forma protestante e para o sul na
forma católica, o fanatismo religioso.
Clara, a narradora da história, nos introduz no seio de sua
família apresentando seu pai, um homem que mergulhou em uma melancolia
reflexiva quando leio os escritos de um apóstolo camisard, protestantes
calvinistas franceses da região de Cevenas.
Wieland, sobrenome da família, que vive no isolamento de uma
fazenda nos campos da Pensilvânia, é marcada pela influência do sobrenatural e
manipulação psicológica. A tragédia está presente na história desta família
assim como as gramíneas no campo.
A região, bonita aos olhos dos forasteiros, como narrou Carwin,
é limitado por cursos aquáticos e penhasco, castelos da natureza para que a
prisão seja impingida aos moradores como cheiro de desgraça em seu DNA emocional.
É a reprodução da cenografia europeia em
um contexto dominado pela natureza selvagem, feroz como descreve em seu
posfácio da obra Alcebiades Diniz Miguel.
Carwin é o estranho que manipula com seu dom específico, o
biloquismo, oriundo da gastromancia, em que sarcerdotes manipulavam os humildes
na fé. Carwin é o sacerdote da destruição, levando o irmão de Clara, uma pessoa
de caráter atencioso para com todos, apesar de seus questionamentos céticos, ao
ouvir a voz, que acreditava ser de um deus, foi transformado no assassino da
própria família. Culminado com seu suicídio.
Wieland ou A Transformação é uma leitura gostosa, porém
arrastada. Expectativas são levantadas e derrubadas em seguida. Charles
Brockden Brown nos ensina como construir uma narrativa que prende o leitor. Há mais
diálogos dos personagens, que a fala de um deles, como a de Carwin ou de
Pleyel, amigo dos dois irmãos de longa data.
Clara vive um amor escondido por Pleyel, e demora para se
revelar. No entanto, é impedida pelas trapaças de Carwin e vive um desencanto. Vindo
a se concretizar tal amor somente no final da história.
Vale a pena a leitura para além do significado histórico da
obra na literatura.
Contrariando Carwin em seu ventriculismo barato e manipulador, não espere para ler esta maravilhosa obra gótica.
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