À SOMBRA DE UM CEDRO EU SENTEI E LI: A VIDA POR ESCRITO: CIÊNCIA E ARTE DA BIOGRAFIA (RUY CASTRO)

 

BIOGRAFAR: DESAFIOS E ENCANTAMENTOS

 


SÉRIE: À SOMBRA DE UM CEDRO EU SENTEI E LI
OBRA: A VIDA POR ESCRITO: CIÊNCIA E ARTE DA BIOGRAFIA
AUTOR: RUY CASTRO

EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
ANO DA PUBLICAÇÃO: 2022
LEITURA: KINDLE 

Eu sempre gostei das crônicas de Ruy Castro na Folha de São Paulo, a fluidez dos seus textos faz com que a gente viaje com ele e encontre personagens de nossa história. E ao ler o seu livro, fruto de seus cursos para iniciantes na ciência e na arte de biografar, o passeio e os encontros são mais densos, intensos.
 
Em A vida por escrito: Ciência e arte da biografia, Ruy Castro compartilha o modus operandi do seu trabalho, seja em biografias, propriamente ditas, ou em reconstituições históricas. Há casos engraçados e há casos tristes em que ele passou para produzir suas biografias como Anjo pornográfico, sobre Nelson Rodrigues; Carmen – Uma biografia, e Estrela solitária, sobre Garrincha.
 
Interessante como ele explica a diferenças entre biografia, perfil biográfico, livro-reportagem e memórias. Agora classifico com mais objetividade meus projetos nesta seara de escrita.
 
Como gosto de assistir os vídeos de Eduardo Bueno (Peninha), foi oportuno ouvir ele chamar Ruy Castro recentemente de mala, quando lembrou de fatos históricos que deveríamos comemorar em 2022 e foi ofuscado pela situação política do país. Entre estes fatos está a Semana de Arte Moderna que completou 100 anos. Mas que Ruy Castro contrapõe a Pauliceia desvairada colocando o Rio de Janeiro como cidade mais moderna e mais cosmopolita que São Paulo em Metrópole à Beira Mar. Sim, apesar de ter nascido em Caratinga, Ruy Castro parece ser mais carioca que caratinguense. Mudou-se ainda bem criança para o Rio de Janeiro.
 
Imagem garimpada na internet

Talvez se tivesse morando mais tempo em Caratinga-MG, Agnaldo Timóteo já estaria em uma de suas biografias e ele teria muito de Ziraldo guardado, já que para ele a boa biografia é sobre alguém já falecido e nos conta como o caso de Woody Allen com sua enteada invalidou todo trabalho do biógrafo Eric Lax, que não farejou a relação entre os dois bem debaixo do seu nariz.
 
Precisei rever alguns projetos meus a partir da leitura de A vida por escrito. Um caso interessante é sobre biografias de avôs. “Nem todo avô dá rende um livro.” Esta afirmativa foi de encontro sobre a primeira biografia que pensei em escrever: Antônio Fortunato & Cia. Que já mudei para Antônio Fortunato: Um cafezinho no calor do fogão. Sim, é a imagem mais afetiva que tenho do meu avô em sua casa no córrego do Cedro. Mas sigo com o projeto, pois será mais um livro de memórias que uma biografia de fato.
 
Lendo esta obra de Ruy Castro não só percebo, mas também tenho vivenciado a fantástica aventura de descobrir detalhes sobre um determinado biografado. Assim como Ruy Castro teve a coincidência de perguntar as horas a um neto de J. Carlos, caricaturista no Rio de Janeiro na década de 20 do século passado, ou encontrar ao acaso um militar que era da ativa em 1964 e lhe contou sobre o show de Elza Soares para Jango (João Goulart), fato que a imprensa não registrou, eu já encontrei um funcionário de uma pessoa que estou levantando dados em Mutum e um primo seu em uma farmácia em Afonso Cláudio-ES.
 
Esta semana fiz duas descobertas sobre nomes envolvendo projetos que começo a lapidar. José Santana, deputado federal bem votado em Mutum nas eleições de 1998, 2002 e 2006, para minha reconstituição histórica sobre política, descubro que ele é o atual presidente do PL (Partido Liberal) em Minas Gerais, ou seja, alguém ainda na ativa. E sobre escritores da região, que um ganhador do prêmio Jabuti e 2001, o mais relevante da literatura brasileira, já morou em nossa cidade.
 
Outra coincidência, Tudo a ler, newsletter da Folha de São Paulo, de quarta-feira última (11.01.2023) fala justamente deste livro.
 
A vida por escrito aprofundou não só meu conhecimento, mas meu encantamento por biografias.

 

 

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