CONTO 004 DE 666: ELEGIA de LUIS F. HAIML (NECRÓPOLE)

 

SÉRIE: 666 CONTOS EM ANTOLOGIAS TREVOSAS

CONTO: ELEGIA

AUTOR: LUIZ F. HAIML

ANTOLOGIA: NECRÓPOLE

ORGANIZAÇÃO: JAMES GALLAGHER JUNIOR

EDITORA: CARNAGE

 
FONTE: https://hojepr.com/um-taxi-para-o-cemiterio/

 

CANSAÇO, VAZIO E DESTINO

 
O conto é conciso. Revela a ação única do personagem principal. Apesar de ser um enredo factível, a narrativa se prima pela cronologia bem delineada pelo autor.
 
 O tempo é contido em quatro dias. Mas a vida dela, a personagem principal, se passa em três. O quarto é o desfecho da história.
 
Outro fator relevante na narrativa de Luiz F. Haiml é a entrega na hora certa dos motivos pelas quais a personagem vive aqueles dias de tormento e mistério. Por exemplo, no primeiro dia ele revela a protagonista cansada. Mas não diz o porquê do cansaço. Ela toma ansiolítico para dormir e acha que não conseguirá. Acorda já quase na hora do almoço. No primeiro dia foi de briga entre o corpo e a agonia.
 
No segundo dia segue-se falando dos efeitos sem falar da causa.
 O espaço físico fica grande demais, que também pode ser estendido para o metafísico, o quarto é a metáfora de como estava dentro dela, vazio demais. Temos aqui a percepção da ausência. Não havia a luta mais neste segundo dia a luta ente o corpo e a agonia. A batalha foi vencida pela constatação dele não estar mais ali. A preocupação com ele, alguém, o autor deixa explícito que é uma pessoa muito querida por ela.
 
No terceiro dia ela se dirige a um destino. Mais uma vez o conto revela aspectos do físico, do local que foi de táxi. Um único diálogo aparece aqui. Ela dá respostas curtas, como quem tem pressa, ou não tem interesse mais em cultivar relações amistosas.  Os demais personagens do conto, exceto ele, aparece apenas no final: o taxista e filhos.
 
No quarto dia é o da ausência. Os filhos dão conta do sumiço. Mas onde estavam os filhos nos três dias anteriores? Esta é uma pergunta passível de ser feita. Para dar liga ao conto, é compreensível que eles não tenham aparecido no início. Faz sentido. A ausência dos filhos durante o cansaço, vazio e destino —paixão, morte e ressurreição? — podemos debitar também no artificialismo das relações familiares dos tempos modernos. Contos de terror/horror tem esse predicativo, achar a atenção para o cuidado que devemos ter para o próximo. A frieza dos filhos pode ter contribuído para a atitude da protagonista.

LEIA O CONTO ANTERIOR DA SÉRIE: CONTO 003 DE 666

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