O MILAGRE DA VIDA
Começo essa nova série de postagens sobre poemas no intuito de compartilhar aos que gostam de trilhar entre os (uni)versos de obras solos ou antologias poéticas. A série Pentalogias Poéticas fica para os poemas dos meus conterrâneos, mesmo os que não estão em livros, poemas de poetas que nasceram aqui ou daqueles que atualmente residem. Abrange também aqueles que estão em outras paragens. Ainda tem a Pentalogia das Minhas Pétalas Semanais em que compartilho versos da minha lavra.
Quem estreia a nova empreitada do nosso blog Escritos do Cláudio é Márcio Muniz. Não o conheço pessoalmente, mas tenho contato com parte do seu trabalho através da editora Illuminare onde estivemos juntos em algumas antologias como Contos de um natal sem luz - IV (2018) e Microcontos: Pequenas histórias Grandes talentos (2019). Vamos então às sete faces de sua obra Poemas e outros tantos sentimentos que baixei recentemente na Amazon.
FACE I
A vida, este milagre
Feito de alma e de sangue
E cuja finita brevidade
Nos impele a seguir adiante
Do poema Poesias tristes
O poeta fala do tema da rapidez com que a vida a passa por nós, tema recorrente em outros versos de outros poemas da mesma obra como A fila e A fila anda... Constantemente Márcio Muniz fala sobre o tempo, um de seus poemas tem especificamente esse título e começa com a onomatopeia do relógio, essa máquina que discretamente aponta para o nosso peito, com seu tic-tac.
FACE II
Gosto de letras e poesias.
Canções que falem alto
Aos corações.
Gosto do sentimento
Posto no papel.
Sobre gostar de poesia
São poucos os poetas que resistem a poetizar seu gosto pela poesia. Escrevemos poemas por que gostamos. Em nosso abstrair-se da realidade para mergulhar no mundo dos (uni)versos. O sentimento no papel, ou na tela dos nossos computadores e outros acessos. Aparecem também nesse poema as famosas borboletas no estômago. O poeta aqui acaba nos apresentando as figuras de linguagem, ferramentas com as quais colocamos no papel ou no mundo dos bytes nossos tantos outros sentimentos. O autor faz isso tão bem que somos "empurrados" a seguir desbravando os seus versos.
FACE III
Como é bom guardar na memória,
A lembrança do último sorriso
E do beijo incerto e tímido
Que apenas sonhei em dar.
Despedidas e desventuras
Não podia faltar no poema de Márcio Muniz o amor platônico. O beijo pensado em não dado, do abraço imaginado e não sentido. Guardar na memória é fazer o histórico dos nossos sentimentos. Seria o poeta Márcio Muniz, pelo que leio dele em outros meios, o poeta do amor.
FACE IV
Vou em frente
Em um movimento letárgico
Quase “Zumbizalizado”.
Continuar...
Todo ser humano encontra suas indecisões diante das incertezas da vida, seguir em frente, ainda que cambaleando, ainda que pisando em ovos, como diz um velho ditado, o poeta verseja sobre essa necessidade de estar sempre caminhando, mesmo quando caminhos não há, os pés na grama os inventarão, dizia Ferreira Gullar.
FACE V
Não quero empunhar armas,
Trincar os dentes
Ou fazer cara feia.
Vou me jogar
Em um mundo desmoronando o poeta não quer lutar com as armas que geralmente o homem se lança para vencer na guerra diária. O poeta prefere as armas da sensibilização, da vida em harmonia. O poeta necessita sorrir por dentro e por fora, o poeta não quer se dá pela metade, mas por inteiro. Nessa face dos poemas de Márcio Muniz nos questionamos quais armas usamos no nosso dia a dia.
FACE VI
Quem sabe se eu tivesse dito,
Palavras certas e com mais sentido
E não somente tantas declarações
Embebidas de minhas emoções.
Pra te reencontrar
Reencontrar com alguém é reencontrar consigo mesmo. A revisão e a confissão dos seus equívocos faz o poeta se questionar onde pesou mais seus sentimentos. Chega a considerar que mais ação e mais razão poderia ter mudado a história de um relacionamento. Nunca se sabe. O poeta em seu último poema, A última poesia, se rende ao pragmatismo. Sabemos que não, ele está nesse momento na batalha para compartilhar conosco mais um bom livro de poema.
FACE VII
No silêncio de cada um,
Reside uma poesia.
Amo em silêncio
O poeta relembra sobre o papel do silêncio, que varre as palavras deixando delas apenas a essência. Ouvir a voz que vem de dentro, é que o poeta faz quando se entrega ao deleite das abstrações chegando a rabiscar papéis e a surrar teclados em busca de por para fora de si suas palavras e sua visão de mundo. Marcio Muniz sabe o quanto o silêncio é necessário.
PRÓXIMA POSTAGEM DA SÉRIE: ANTONIO JADEL
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